Chanel Couture SS 2015

Estão acompanhando a semana de alta costura de Paris? A largada foi dada neste último domingo à noite, com o desfile maravilhoso da Versace. Como o fuso lá é de três horas para frente, os desfiles mais lindos e importantes acontecem enquanto, por aqui, estamos tirando nosso soninho da beleza, ou seja, acordamos e já somos bombardeadas por um milhão de fotos e informações. O burburinho hoje foi pelo Chanel couture.

As expectativas sempre são altas pelo que virá do super criativo Karl, que não apenas apresenta uma coleção. Ele sempre cria a atmosfera necessária para que cada convidado presente seja envolvido pelas inspirações que permearam seu processo criativo. Sacada excelente, não? A coleção se autoexplica.

Dessa vez o estilista da maison preparou um “jardim” com mais de 300 tipos de flores diferentes, cuidadosamente produzidas e dispostas pelo salão do Grand Palais. A princípio brancas, conforme o desfile se desenrolava cada uma delas desabrochava, colorindo a passarela.

Difícil definir em uma frase o que foi esse desfile, já que tantos núcleos diferentes foram apresentados. Clássicos revisitados e pitadas de jovialidade foram os pontos altos, mas podemos dividir em blocos:

Saias e casacos, tanto curtos quanto longos, formavam a tradicional linha A a partir de tecidos encorpados. Cores fortes, P&B e o tradicional tweed reinaram nesse bloco.

Se em temporadas passadas a palavra de ordem era “umbigo tampado”, nesta a proposta de Karl foi oposta. Com um bloco repleto de looks deixando o umbigo – e mais um bom tanto de pele – à mostra, esse estilo mais jovem e atrevido é quase elevado à categoria de must-have (resta saber se cola). Croppeds eram os responsáveis pelo comprimento curto que permitia que a barriga aparecesse, auxiliados pelas saias de cintura baixa, que variavam das curtas às midi de diferentes volumes.

Em contraposição ao primeiro bloco, houve outro em que a fluidez era o tema, com looks sobrepostos por peças de comprimento exxxtra longo, como coletes e camisas. Seguindo a linha das saias, a cintura também era baixa, marcada por cintos.

Textura é uma especialidade da Karl e dos ateliês da Chanel, convenhamos, mas fiquei surpresa com alguns. Os brocados, aplicações e volumes 3D já estão se tornando frequentes na alta costura e é notável o quanto a maison diversificou cada um, mas o que realmente me chamou a atenção foram os tweeds despretensiosamente desfiados, fazendo com que looks normalmente sóbrios se tornassem mais despojados.

Ufa! E ainda teve muito mais coisa. Claro que nem tudo agrada, mas a repercussão geral foi boa. Críticos de moda apontaram o umbigo de fora como um passeio pelo mundo jovem sem perder a elegância e, mesmo que não o achassem de fato, pensariam duas vezes antes de fazer um review negativo da Chanel, claro.

Posso manifestar minha humilde opinión, certo? Ok. Gostei do frescor jovem daquele bloco, mas acho discutível o “sem perder a elegância”. Quem mais?

Quanto aos outros blocos, bravo!