Sócio da Zara Ultrapassa Bill Gates

O post de hoje é diferente. Sobre moda, mas reflexivo. Acho que toda blogueira (levantem a mão aí, colegas) e/ou amante de moda já passou pelo perrengue de tentar dialogar com mentes pequenas que, precipitadamente, julgam que moda (em geral, e qualquer trabalho que dela derive), seja fútil, irrelevante para sua vida ou para a de qualquer pessoa. Antes mesmo de me desenrolar na explanação do conceito geral, abro com essa suave notícia: Sócio da Zara Ultrapassa Bill Gates como homem mais rico do mundo.

Claro que todas vocês conhecem a Zara e sabem da enorme potência de que estamos falando. Evolução de um pequeno negócio de família, hoje a Zara espalha unidades pelo mundo todo e – para usar uma expressão rasa – vende igual água. Apesar do sucesso massivo da rede de fast fashion, devemos lembrar que ela faz parte de um grupo muito maior, detentor de inúmeras marcas de diferentes segmentos (de Massimo Dutti à Zara Home), a Inditex.

O grupo é composto por diversos sócios, mas um deles detém o maior share. Com 59.3% da Inditex, Amancio Ortega é apontado como mogul da moda (pessoa extremamente poderosa, influente e competente em uma determinada indústria) e, recentemente, teve um breve momento no posto de homem mais rico do mundo.

Socio da Zara ultrapassa Bill Gates por um momento no ranking dos mais ricos. Saiba mais pelo blog Oh My Closet!

Foto e fonte: Fortune.

Muitos fatores (os quais não domino, mas sabemos no geral o que significam) influenciam no valor da fortuna de um homem. Num dia mais rico, no outro menos (alô Eike!) e assim as fortunas variam a cada dia, mesmo que minimamente. Numa dessas “flutuadas” da vida, a fortuna de Amancio ultrapassou a de Bill Gates (o primeiro ficou com $79.9 e o segundo com $79.3 bi).

Pouco depois a fortuna de Amancio variou para baixo, ficando nos $78.5, mas o primeiro acontecimento foi suficiente para comemorações na Espanha (berço da Zara), que até hoje só teve duas outras empresas do mesmo porte. Fora isso, o ramo da empresa é o que mais desperta interesse e é por isso que faço dele exemplo do que às vezes tenho que explicar: moda é fator importantíssimo para a economia. Muito provavelmente você conhece alguém cujo emprego depende dessa indústria, mas muita gente não se dá conta disso.

Futilidade, superficialidade? Então divulgue um dado para quem você conhece e é amante desse pensamento equivocado: a indústria da moda é uma das que mais movimenta dinheiro e gera empregos (U$1.2 TRILHÕES). Sim! Não precisa ser vendedor, estilista ou dono de loja para estar envolvido. Se alguém trabalha em qualquer uma das pontas dessa cadeia enooorme (do plantio do algodão à manufatura), o emprego dela depende dessa indústria, fato. Dizer que não é tratar o tema com superficialidade.

Sempre me lembro de uma frase daquelas que matam qualquer argumento ignorante sobre moda, dita pelo personagem de Meryl Streep em O Diabo Veste Prada, Miranda Priestley, quando Andy (protagonista) se refere às peças de um shooting como “coisas”:

“Essas… coisas? Ok, entendi. Você pensa que isso não tem nada a ver com você. Você vai ao seu closet e escolhe… Sei lá… esse suéter azul encaroçado, por exemplo, porque você está tentando dizer ao mundo que você se leva a sério demais para se importar com o que você veste. Mas o que você não sabe é que esse suéter não é apenas azul, não é turquesa. Não é lápis (lazuli). É, na verdade, cerúleo.  E você alegremente também não está ciente de que, em 2002, Oscar de La Renta fez uma coleção de vestidos de festa em azul cerúleo. E depois acho que foi Yves Saint Laurent que apresentou uma coleção de jaquetas cerúleas, não foi? (…) E depois o cerúleo rapidamente apareceu nas coleções de oito estilistas diferentes. E depois foi filtrado até às lojas de departamento e depois “escoado” para alguma trágica lojinha de esquina onde você, sem dúvida, o garimpou de algum cesto de liquidação.  Entretanto, esse azul representa milhões de dólares e incontáveis empregos, e é meio que cômico o fato de você pensar que fez uma escolha que te exime da indústria da moda quando, de fato, você está vestindo o suéter que foi selecionado para você, pelas pessoas nesta sala, a partir de uma pilha de “coisas“. 

Tóin! É exatamente isso. Ninguém está isento de participar dessa indústria só porque não acompanha ou não trabalha com isso. Ninguém anda pelado (geralmente) e o fato de você poder escolher uma peça, por mais barata ou básica que seja, representa uma imensa rede de produção, que interfere em empregos e na economia que afeta o seu bolso.

Gosta de moda? Espalhe o raciocínio para quem debocha!

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