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Hermès: A Crueldade Que Você Não Conhecia

Meninas, dando um tempo em desfiles e lançamentos de moda, tinha que tirar o assunto do post de hoje do peito. Às vezes questionamos o poder de um só protesto e desistimos de falar, mas acredito que se calar seja pior. Sempre adorei as bolsas e acessórios da Hermès, como toda mulher que seja um pouquinho ligada à moda. Claro que nunca comprei nada, porque um cinto custa U$5,000, mas é aquele tipo de coisa que a gente mantém como objeto de desejo para o futuro, ou para uma data especial, como aniversários e Natal.

Quem acompanha o blog desde o início sabe do meu amor infinito por animais – qualquer espécie, qualquer raça – e o quanto sou contra qualquer prática que os coloque em risco, cause sofrimento, muito menos que lhes cause dor extrema por motivos fúteis. Já fiz outros posts falando sobre a crueldade da indústria dos casacos de pelo e dos testes de cosméticos em animais e, apesar de não saber de cabo a rabo quais marcas são cruelty-free e quais não são, sempre deixo de comprar qualquer marca que eu saiba/descubra que realiza testes ou usa pele de animais em suas coleções. Não é muito, mas é como eu posso participar do movimento cruelty-free.

Talvez tenha sido ingenuidade minha, mas nunca nem me passou pela cabeça qual seria a procedência do couro da Hermès e essa semana, por acaso, descobri a verdade por trás das bolsas de couro de crocodilo. É muita tristeza gente, dói só de pensar!

O blog Oh My Closet te mostra por que você não deve comprar as bolsas de couro de crocodilo da Hermès.

Não sou hipócrita, não vou dizer que é um horror usar a pele de qualquer animal em um objeto, acessório ou qualquer tipo de adorno, afinal, todas nós já compramos uma bolsa de couro e sabemos que a vaca não viveu pra contar a história. Não é o ideal, mas se o animal já estava morto (infelizmente para comermos) não vou me desesperar porque arrumaram um uso para a carcaça.

Agora, muito diferente é o caso de matar qualquer animal exclusivamente para usar sua pele (da qual não precisamos, apenas queremos por vaidade) e – pior – extraí-la enquanto ele ainda está vivo, causando uma dor que nem mesmo nós conhecemos (já imaginou alguém te dar um golpe de martelo na cabeça e arrancar sua pele toda enquanto você agoniza?).

É assim que fazem com chinchilas, raposas e outros animais para conseguir a pele que vemos nos casacos e, infelizmente, é através de um processo parecido que os curtumes que fornecem o couro da Hermès (um no Zimbabwe, outro nos EUA) extraem o couro que, mais tarde, se transforma em Birkins, Kellys e relógios.

Descrever o processo me angustia, mas vou resumir pra vocês: eles são criados em cativeiros até os 3 anos de idade (alguns em péssimas condições, sem cuidados veterinários ou espaço e pouco alimento) para depois serem levados ao local onde terão seus pescoços serrados enquanto estão vivos e sentirão um ferro passando em sua espinha. De alguma forma isso ajuda no manuseio do animal para a retirada do couro e na maciez do futuro produto. Gente!!!! Dá desânimo viver nesse mundo!

O PETA, aquela organização pró-proteção dos animais, foi quem conduziu a investigação que desvendou esse absurdo em julho desse ano e eles divulgaram um vídeo para entendermos o que se passa nesses curtumes. AVISO: o vídeo tem imagens fortes. Se você consegue aguentar, assista para entender e poder falar com propriedade quando for contar ao seu círculo social por que você é contra esse tipo de prática.

Não é de chorar? Infelizmente muita gente não se comove e acha que os animais estão aí para “usarmos” como quisermos, como se fosse insignificante que um deles tenha passado por uma dor absurda para termos um objeto qualquer.

O próprio PETA tem um lema com o qual concordo 100%: os animais não são nossos para abusarmos, fazermos testes, arrancarmos sua pele ou maltratarmos de qualquer forma. NÓS NÃO TEMOS ESSE DIREITO! Já disse em outros posts e repito: vai totalmente contra o conceito de se ter um animal de estimação. Quem gostaria que seu gato, cachorro, pássaro, coelho (etc) tivesse a pele arrancada e agonizasse até à morte?

Ok, nós não mantemos raposas, crocodilos ou chinchilas em casa (já escutei este argumento estúpido), mas até que peguemos um bichinho na rua (ou mesmo na loja) e façamos dele “nosso”, qual a diferença entre ele e um animal que está solto na natureza? Se não é nosso, se não temos apego, ele pode sofrer? Não! São animais que merecem respeito e cuidado, tanto quanto os que mantemos em casa. Não podemos ser tão hipócritas!

Uma pessoa que usa um casaco de pele verdadeira ou uma bolsa dessa e mantém 4 chiuauas (ou qualquer outro bicho) dentro de casa é uma grande hipócrita ou extremamente desorientada. Não dá para amar animais com todas as forças e usá-los como casaco no inverno. Pelo menos é como eu vejo. Não consigo conceber a ideia de qualquer animal sendo judiado, me dói.

Hermès: A Crueldade para conseguir o couro de crocodilo. Saiba mais no blog Oh My Closet!

Houveram vários manifestos depois da divulgação desse vídeo, mas sabemos que ainda não é o suficiente para convencer a cliente fiel e assídua da Hermès a desistir do seu lugar na fila de espera pela famosa bolsa de couro de crocodilo. Sinceramente não sei se a produção das bolsas com outro tipo de couro também envolve tamanha crueldade, espero que não, mas caso envolva também as coloco no mesmo barco e digo que não devemos comprá-las. Senão, de qual outra forma vamos forçar ou incentivar a marca a comprar couro cruelty-free?

Lembram da história do nome da Birkin bag? Foi batizada em homenagem à Jane Birkin, que foi presenteada com uma criação exclusiva que atendia suas necessidades (ela queria uma bolsa espaçosa para viajar). Depois de ficar ciente dos fatos, a própria Jane pediu que a Hermès remova seu nome da bolsa que ficou tão famosa e a rebatize com outro nome, pelo menos enquanto não arrumarem fontes não cruéis para obter o couro.


Passar a mensagem adiante e evitar o consumo desse tipo de produto é a ferramenta que está ao nosso alcance na luta contra essas atrocidades. Parece pouco, mas é o que podemos fazer… E se cada grupo conseguir desmotivar pelo menos um consumidor, já estamos no lucro. Não deixem de se manifestar por achar que uma só voz não alcança ninguém. Falem, gritem, até que vire coro!

Torço para que um dia nos livremos de absurdos como esse. Quem está comigo?

*Encorajo vocês a visitarem o site do PETA para saberem mais sobre esse caso, além de ficarem por dentro das outra investigações e de como podemos ajudar.

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